segunda-feira, 12 de outubro de 2009

A liderança de Moisés


A vida de Moisés é um exemplo de liderança plasmada pelo Senhor ao Seu povo.

INTRODUÇÃO

- Moisés, até hoje, é o grande exemplo seguido pelo povo de Israel. O Senhor formou este homem para libertar Seu povo da escravidão do Egito, bem como para fornecer a lei a Israel, o aio que conduzirá os israelitas a Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.

- A Igreja tem muito a aprender com Moisés, pois também há a necessidade de a liderança ser plasmada pelo Espírito Santo até que o Senhor nos venha buscar.

I – A BIOGRAFIA DE MOISÉS (I) – MOISÉS, O HEBREU QUE FOI PRÍNCIPE NO EGITO E PASTOR DE OVELHAS EM MIDIÃ

- Na seqüência do estudo de personagens bíblicas para o aprimoramento de nosso caráter cristão, estudaremos Moisés, o grande líder do povo de Israel, escolhido pelo Senhor não só para libertar o Seu povo da escravidão no Egito mas para construir a nação israelita nos moldes desejados por Deus, por meio da lei. Não é à toa que Moisés é, até hoje, tido e havido pelos israelitas como o mais importante integrante da nação de todos os tempos.

- A história de Moisés começa a ser narrada na Bíblia Sagrada no capítulo 2 de Êxodo, quando se conta o casamento entre um varão da casa de Levi (Anrão) com uma filha de Levi (Joquebede), no tempo em que Israel vivia escravizado no Egito, casal este que teve um filho que foi escondido por eles por três meses, visto que era formoso e havia uma ordem de Faraó para que todos os meninos que nascessem dos hebreus fossem mortos.

- Neste início despretensioso da narrativa bíblica, já percebemos algumas coisas que seriam importantíssimas na vida deste grande homem de Deus. A família de Moisés era uma família que surgiu do casamento, que é a forma instituída por Deus para que se formem famílias, como já tivemos oportunidade de estudar neste trimestre. Houve um casamento e um casamento dentro da tribo de Levi, ou seja, um casamento feito dentro de pessoas que tinham os mesmos valores, costumes e objetivos. Não há como termos uma família bem constituída, que goze das bênçãos do Senhor, se não for seguido o modelo bíblico do casamento, do compromisso firme e socialmente reconhecido entre um homem e uma mulher.

- Mas, além de se ter uma família legitimamente constituída, vemos que o casal temia a Deus. Havia uma ordem de Faraó para que todas as crianças hebréias do sexo masculino fossem mortas, mas, ao verem aquele menino formoso, o casal fez o que esteve a seu alcance para que a vida desta criança fosse preservada. Valorizar a vida humana é sinal de que se teme a Deus. Em dias em que muitos, inclusive que se dizem “crentes”, rebelam-se contra Deus, o único Senhor da vida, defendendo absurdos como o aborto, a eutanásia e a pesquisa com células-tronco embrionárias, vemos um grande exemplo nos pais de Moisés que, mesmo diante de uma ordem contrária de Faraó, deu o devido valor à vida, cujo dono é tão somente o Senhor Deus (I Sm.2:6).

- Além de temer a Deus, o casal percebeu que a formosura daquela criança era um sinal divino de que havia um plano de Deus naquela vida. O texto bíblico é sucinto, mas vemos que o casal, ao perceber que a criança era formosa, escondeu a criança enquanto pôde e, sendo isto impossível, preparou uma arca de juncos e a betumou com betume e pez, pondo a criança no rio Nilo, entregando-a nas mãos do Senhor, instante em que a irmã do menino se postou de longe para ver o que iria acontecer com a criança (Ex.2:3,4).

- Deus dirigiu aquela “embarcação” até onde estava a filha de Faraó, que, mesmo sabendo que se tratava de uma criança hebréia, resolveu adotá-la e, prontamente, a irmã do menino ofereceu sua própria mãe como ama da criança. À criança se deu o nome de “Moisés” (em hebraico “Moshé”), cujo significado é “alguém que é retirado” e, para alguns estudiosos, “criança que é retirada”, uma vez que foi retirada das águas do Nilo.

- Vemos, assim, que Deus fez com que Moisés fosse criado, na sua primeira infância, pela sua própria mãe, Joquebede (Ex.6:20; Nm.26:59), às expensas de Faraó, a fim de que, no período de formação do seu caráter, Moisés recebesse a educação hebréia, ou seja, aprendesse a respeito das promessas de Deus a Abraão, Isaque e Jacó. Este ensino primeiro foi fundamental para que Moisés fosse o líder do seu povo no futuro.

- Muitos não se dão conta da importância e do valor da educação doutrinário-bíblica em casa, na primeira infância. É ela fundamental para a formação do caráter das pessoas e este é um dos principais motivos por que o inimigo de nossas almas tem lutado tanto para eliminar a adoração a Deus nos lares das famílias dos servos de Deus, substituindo a educação doutrinário-bíblica pela doutrinação da “babá eletrônica” com seus “demônios animados” e “videodemonio games”, que tanto têm conquistado mentes de crianças e adolescentes, filhos de autênticos e genuínos servos de Deus. Moisés precisou ser educado por Joquebede, era uma necessidade, pois, diante de toda a ciência do Egito que viria a conhecer, não poderia permanecer identificando-se com o povo de Deus, não poderia ter escolhido o vitupério de Cristo (cfr. Hb.11:26), se assim não tivesse sido educado. Não nos esqueçamos do proverbista: “Instrui o menino no caminho em que deve andar, e, até quando envelhecer, não se desviará dele” (Pv.22:6).

- Vencida esta etapa inicial de educação, Moisés foi levado para o palácio, onde teve a educação de um verdadeiro príncipe, pois era filho da filha de Faraó. Segundo as Escrituras Sagradas, que são confirmadas pelo que se sabe da história do Egito, nesta ocasião, Moisés foi instruído em toda a ciência e sabedoria egípcias, então das mais evoluídas, senão a mais evoluída e desenvolvida daquela época (At.7:22). Moisés demonstrou toda a sua capacidade, pois a Bíblia nos diz que era poderoso em obras e palavras. Diz a tradição judaica que foi um grande líder militar, que teria se notabilizado na corte de Faraó. Assim como vimos na vida de Paulo, encontramos Deus usando todo o conhecimento e sabedoria humanos à disposição naquele tempo para que servisse de esterco para o ministério de Moisés (Fp.3:8).

- Entretanto, toda esta ciência, todo este conhecimento, toda esta posição social, todo este poder político foram incapazes de retirar do coração de Moisés a sua identificação com o povo hebreu, o povo escravizado do Egito. A educação que recebera de sua mãe era mais forte do que tudo aquilo e, por isso, “já grande”, Moisés não conseguiu se desvincular das cargas que seus compatriotas carregavam (Ex.2:11). Ao ver que um varão egípcio feria um varão hebreu, bem como que ninguém o notava, resolveu matar o egípcio, escondendo-o na areia. Achou, certamente, que sua posição social, seu poderio, seu conhecimento seriam suficientes para dar um basta àquela situação.

- No dia seguinte, animado com a perspectiva de dar uma solução às cargas de seu povo por meio de suas habilidades naturais e de sua posição social, Moisés buscou ser árbitro na contenda entre dois hebreus e aí foi desmascarado, pois não havia escondido bem o cadáver, tinha-o deixado na areia, sendo facilmente achado o corpo e identificado o autor do delito. O fato chegou até Faraó que procurou matar Moisés e, então, Moisés, desmascarado, sem o apoio do povo escravizado, que apoio algum lhe poderia dar, perseguido por Faraó como traidor do Egito, perde tudo quanto tem e é obrigado a fugir, indo para Midiã, região desértica, onde se assentou junto a um poço (Ex.2:15) e, também com base na violência, livra as filhas de Jetro de pastores malignos que a haviam atacado (Ex.2:17,18).

- Moisés tinha quarenta anos de idade (At.7:23) e, então, começa a segunda fase de sua vida. Em vez da fama, do poder e da mordomia do palácio de Faraó, Moisés agora teria a aridez do deserto, a falta absoluta e completa de bens materiais, passando a ser tão somente o pastor das ovelhas do rebanho de Jetro (também chamado de Hobabe – Nm.10:29; Jz.4:11 e de Reuel – Ex.2:11), de quem se tornou genro, ao se casar com Zípora (Ex.2:21), com que teve um filho, a quem deu o nome de Gérson (em hebraico, “Guershom”), cujo significado é “estrangeiro”, “peregrino”, vez que Moisés se sentia, em Midiã, um “peregrino em terra estranha” (Ex.2:22).

- Estes fatos mostram como Moisés havia mudado o seu comportamento. Deixara de dar valor aos tesouros do Egito, entendera que era hebreu e que deveria ter o mesmo destino de seu povo. Compreendera que havia sido escolhido para o cumprimento das promessas feitas a Abraão, Isaque e Jacó, mas ainda não estava preparado para levar avante esta tarefa. Confiava, ainda, na sua posição, na sua força física, no seu conhecimento, nas suas habilidades naturais. Era um grande líder militar, um grande cientista, algo necessário mas insuficiente para se liderar o povo de Deus. Além da chamada, um líder no meio do povo de Deus precisa ter o devido preparo intelectual e o destemor, mas, além destes preparo e destemor, é mister que tenha humildade, que saiba depender única e exclusivamente de Deus.

- Moisés já era um grande general, um dedicado conhecedor de toda a ciência do Egito, tinha consciência de que pertencia ao povo de Deus e que lhe estava destinado um papel importante na história deste povo, mas não tinha tido ainda uma experiência no trato com as ovelhas, não tinha aprendido a mansidão, não sabia o que era ser dependente de outrem. Precisava passar pelo “curso do deserto” e seriam quarenta anos de lições, que o tornassem apto a libertar o povo (At.7:30).

- Muitos, na atualidade, pensam que podem liderar o povo de Deus única e exclusivamente com o “conhecimento do Egito”, com a força física ou o respeito adquirido ao longo de alguns poucos anos na igreja. Esquecem-se de que é necessário o “curso do deserto”, a provação, a experiência pessoal com Deus, o aprendizado da humildade e da completa dependência de Deus, o lidar com ovelhas, a fim de que adquira mansidão, sensibilidade e amor aos liderados. Muitos, a exemplo de Saul, têm sido guindados diretamente do trato de jumentas para o de ovelhas e o resultado continua sendo o mesmo do de Saul: um retumbante fracasso. Quem tem chamada para a liderança do povo de Deus, deixe de lado o preparo intelectual e o destemor, que são, sim, necessários, mas, uma vez obtidos, entre, conduzido pelo Espírito, no deserto, para ser provado e aprovado. Certamente, depois desta aprovação, poderá exercer o seu ministério com primor e excelência.

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